Universidades diminuem gastos com investimentos e manutenção

Com o corte orçamentário realizado pelo governo federal, universidades e institutos federais vêm enfrentando problemas para realizar os serviços básicos, como pagamento de contas de água e luz. Os números destinados pelas entidades para obras, equipamentos e manutenção diminuíram em quase meio bilhão de reais neste ano.

Levantamento da Contas Abertas, mostra que os gastos, incluindo restos a pagar, com investimentos e outras despesas correntes somaram R$ 4,8 bilhões entre janeiro e julho de 2017. No mesmo período do ano passado, os valores alcançaram R$ 5,3 bilhões. Isto é, a queda foi de R$ 500 milhões de um ano para o outro.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro teve uma redução de R$ 51,1 milhões nas despesas com investimentos e manutenção, a maior retração em termos nominais. Já a Universidade Federal do Pará diminuiu esse tipo de dispêndio em R$ 32,6 milhões. Na Universidade Federal de Pelotas o corte foi de R$ 30,7 milhões.

O Sindicato Nacional dos Docentes (Andes) diz que, segundo os reitores das universidades federais, o dinheiro proveniente dos recursos federais para despesa e manutenção seria suficiente somente até o mês de setembro.

Em abril, o governo federal anunciou um contingenciamento de R$ 42,1 bilhões das contas públicas. No Ministério da Educação, o corte foi de R$ 4,3 bilhões, dos quais R$ 3,6 bilhões em despesas diretas da pasta. Com isso, o orçamento do ministério para 2017, que havia sido definido pelo Congresso em R$ 35,74 bilhões, foi reduzido para R$ 31,43 bilhões.

As despesas gerais das universidades, no entanto, cresceram. Seguindo o que aconteceu com o funcionalismo público federal em geral, as universidades cresceram 15% no período analisado pela Contas Abertas.

Entre janeiro e julho de 2016, os gastos com pessoal e encargos sociais somaram R$ 20,1 bilhões. Nos mesmos meses deste ano, R$ 23,3 bilhões foram desembolsados para esse grupo de despesa. O reitor da UFRJ, por exemplo, tem remuneração básica bruta de R$ 27,1 mil, conforme consulta para julho deste ano.

Ranking das universidades

As universidades brasileiras vêm perdendo posições nos rankings comparativos das melhores instituições de ensino superior promovidos pela conceituada publicação britânica Times Higher Education. A Universidade de São Paulo (USP), que esteve entre as 100 melhores há alguns anos, por contar com um número reduzido de doutores premiados, ter um processo decisório excessivamente burocratizado e atravessar uma grave crise financeira, agora ficou na faixa das 251 a 300 melhores instituições. Após as 200 primeiras universidades, a organização se dá por blocos.

Das 27 universidades brasileiras classificadas entre as mil melhores, no ano passado, 6 saíram da lista no ranking de 2017. Das 21 que restaram, 18 são universidades públicas e 3 são católicas. As três universidades brasileiras com melhor classificação, depois da USP, também são sediadas no Estado de São Paulo. São a Unicamp, a Unifesp e a UFABC. Além de universidades tradicionais, como a UFRJ, a UFMG, a UFRGS, a UFPE, a UnB, a UFSC, a UFC e a Ufscar, integram o ranking as Universidades Federais de Itajubá, Pelotas e Ponta Grossa, que não estavam no levantamento de 2016. Entre as que saíram da lista, por queda de desempenho e de reputação, destacam-se as Universidades Federais do Paraná, Bahia, Goiás, Viçosa, Ouro Preto, Lavras, Maringá e Santa Maria e a Universidade Estadual de Londrina.

Confira as 10 universidades que mais gastam com pessoal:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: R$ 1.460.512.480,76
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL: R$ 948.824.496,20
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE: R$ 948.049.714,60
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS: R$ 934.763.897,29
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA: R$ 788.124.774,58
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA: R$ 730.246.794,46
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: R$ 701.241.330,28
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA: R$ 695.659.202,27
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO: R$ 688.207.411,97
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ: R$ 682.818.313,13

 


Publicada em : 22/09/2017

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