PIB em alta e investimentos em queda

Nos três primeiros meses de 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,0% em relação ao 4º trimestre do ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os investimentos, no entanto, estão em queda.

O IBGE mostra que os investimentos continuaram a cair e se retraíram 1,6% em relação ao último trimestre e chegaram ao menor patamar já registrado. O resultado foi impactado pela redução da importação de bens de capital, como máquinas e equipamentos. As incertezas trazidas pela crise política podem levar os empresários a represar ainda mais os investimentos, que caíram a menor taxa da série do IBGE.

A taxa de investimentos ficou em 15,6% do PIB. De acordo com Claudia Dionísio, gerente de Contas Trimestrais do IBGE, este foi o menor patamar registrado em toda a série histórica, com início em 1996. Antes, a menor taxa foi registrada no 1º trimestre do ano passado, quando foi de 16,8%.

A Contas Abertas já havia adiantado que o nível de investimento público, uma parte do que é contabilizado pelo IBGE, era o menor desde 2009. De janeiro a abril, o volume de pagamentos realizados pela União caiu para menos da metade em relação a igual período de 2016, de R$ 19,1 bilhões para R$ 8,1 bilhões. Os valores são correntes, isto é, atualizados pelo IPCA.

Os valores foram calculados com base na soma das despesas de investimentos (GND 4) com as de inversões financeiras (GND 5), excluindo as despesas financeiras, conforme definido nos Parágrafos 4º e 5º do Art. 12 da Lei nº 4.320, de 1964.

Boa parte dos pagamentos feitos até abril refere-se a orçamentos de anos anteriores, o que significa valores empenhados que não foram pagos nos próprios exercícios. Apenas 24% do volume desembolsado é relativo ao orçamento atual, que sofreu contingenciamento de R$ 42 bilhões no fim de março para atenuar o rombo fiscal, de forma a permitir que o governo federal consiga cumprir a meta do déficit de R$ 139 bilhões.

Para o Secretário-Geral da Associação Contas Abertas, “não há mágicas nem coelhos para tirar da cartola. Infelizmente, é no investimento, representado por obras e aquisição de equipamentos, que o governo encontra margem para cortar o orçamento”, afirma Gil Castello Branco.

O Ministério dos Transportes é um exemplo da retração. No primeiro trimestre, o volume de desembolsos caiu R$ 2,4 bilhões em relação a igual período do ano passado. Em 2016, a pasta havia investido, até abril, R$ 5,1 bilhões. Neste ano, foram R$ 2,7 bilhões.

O PIB

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2015 e 2016, a atividade econômica havia encolhido 3,8% e 3,6%, confirmando a pior recessão da história do país.

Tecnicamente, o resultado tira o Brasil da recessão após dois anos. Mas para boa parte dos economistas, ainda é cedo para decretar que a crise acabou, pois não há sinais claros de recuperação em todos os setores e permanecem dúvidas sobre os próximos meses.


Publicada em : 02/06/2017

Copyright © 2018 Associação Contas Abertas