Gastos com cartão corporativo atingiram R$ 52 milhões em 2016

Os gastos do governo federal com cartão corporativo somaram R$ 52 milhões em 2016. Os dados levantados pela Contas Abertas contabilizam os montantes pagos entre janeiro e dezembro, disponíveis no Portal da Transparência do Governo Federal. A Presidência da República foi o órgão que mais gastou por meio dos cartões.

Os dispêndios da Presidência e suas unidades gestoras atingiram R$ 13,7 milhões, isto é, quase 26,4% do total. Vale ressaltar que quase a totalidade dos recursos (95,6%) foi desembolsada de maneira secreta, de forma que não se sabe o que efetivamente foi comprado. As informações são protegidas por sigilo, nos termos da legislação, “para garantia da segurança da sociedade e do Estado”.

Outra parte significativa dos valores desembolsados também fica desconhecida. Isso porque R$ 145,8 mil foram gastos pela Presidência por meio de saques.

A maior parcela dos gastos foi desembolsada pela Agência Brasileira de Inteligência: R$ 7,5 milhões. A Secretaria de Administração da Pasta utilizou outros R$ 5 milhões. O Gabinete da Vice-Presidência da República foi responsável por mais R$ 670,1 mil em cartões corporativos.

O Ministério da Justiça ocupa o segundo lugar no ranking dos órgãos que mais gastam pelo cartão. Em 2016, o desembolso da Pasta atingiu a marca de R$ 12,9 milhões. Vinculado ao ministério, o Departamento da Polícia Federal foi o que mais usufruiu do cartão, com R$ 12,6 milhões creditados.

Assim como acontece com a Presidência, é praticamente impossível saber ao que foram destinados os gastos do Ministério da Justiça, já que quase a totalidade da verba foi declarada como secreta. Cerca de R$ 12,8 milhões, ou seja, 98,2% dos desembolsos foram protegidos por sigilo, nos termos da legislação, para garantia da segurança da sociedade e do Estado.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é o terceiro maior usuário do cartão corporativo (R$ 6,3 milhões). E, em quarto lugar, está o Ministério da Educação, com gastos que chegam a R$ 5,5 milhões, seguido pela Pasta da Defesa, que desembolsou R$ 4,2 milhões por meio do recurso.

Diminuição

Os valores desembolsados em 2016, quando comparados com igual período de 2015, sofreram redução. Nos doze meses de 2015, R$ 56,2 milhões foram pagos por meio do “dinheiro de plástico”. O montante é 8,1% maior do que o aplicado no ano passado.

Dessa forma, os valores destinados a gastos sigilosos também foram reduzidos, passando de R$ 28,2 milhões em 2015 para R$ 25,9 milhões em 2016. Os saques, no entanto, tiveram uma retração menor: atingiram R$ 6,5 milhões em 2015 contra R$ 6,2 milhões neste ano.

Aumento de gastos sigilosos com Temer

Análise da Contas Abertas mostrou que os valores secretos passaram de R$ 9,4 milhões no cinco meses (janeiro a maio) do ano passado administrados por Dilma Rousseff para R$ 13 milhões de governo Michel Temer. A média mensal de despesas foi de R$ 2,6 milhões nos cinco meses de governo Temer. Entre janeiro e maio, quando Dilma estava na presidência, a média foi de R$ 1,9 milhão.

Mais transparência

Projeto de lei do senador Ronaldo Caiado (DEM/GO), que visa tornar totalmente transparentes os gastos pessoais e da administração da Presidência da República (PR), está pronto para ser votado em caráter definitivo na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal.

Um substitutivo do senador Antonio Anastasia (PSDB/MG), apresentado ao projeto inicial, foi aprovado na Comissão de Transparência e Governança Pública (CTG) e, se aprovado na CCJ, segue direto para a Câmara dos Deputados.

A proposta de Caiado (PLS 62/2016) visa maior controle e transparência dos gastos realizados pela PR e despesas da administração pública dos Três Poderes da República, realizadas ou não por cartões corporativos.

Nas palavras do senador, pretende abrir inclusive o que chama de caixa preta dos gastos feitos com cartões corporativos. “Além de permitir a realização de saques em dinheiro, esse cartão funciona como um cartão de crédito internacional cuja fatura é liquidada diretamente na Conta Única da União”, afirma. Caiado considera que um instrumento financeiro com tais características deve ser objeto da mais completa transparência, “algo que infelizmente não acontece”.


Publicada em : 13/01/2017

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