Dados mostram discrepância entre salários da PM do Espírito Santo
A Contas Abertas teve acesso a todas as remunerações da Polícia Militar do Espírito Santo. O resultado da análise dos números é a discrepância enorme entre os recebimentos dos diversos cargos ocupados pelos policiais militares capixabas.
Com os dados é possível notar, por exemplo, que 930 policiais tiveram remunerações brutas acima de R$ 10 mil. De outro lado, 3.932 soldados tiveram remunerações líquidas abaixo de R$ 3 mil. As remunerações são de janeiro de 2017.
Cabe ressaltar que remuneração inicial dos militares do Espírito Santo na categoria de soldado a subtenente é de R$ 2.646,12, podendo chegar a R$ 7.108,48. No caso da categoria de aspirante a coronel, o salário inicial é de R$ 5.545,78, chegando a até R$ 18.197,24.
A maior remuneração bruta de janeiro foi para o Terceiro Sargento, Antonio Messias Nascimento Vieira, afastado para aposentadoria: R$ 81.043,17. O líquido foi de R$ 75.498,67. No rendimento bruto estão contabilizadas gratificações por comando, por assiduidade, por tempo de serviço e serviço extra, por exemplo.
Na lista de cima da tabela de remunerações ainda está o capitão Luiz Carlos Arante Baião com remuneração bruta de R$ 53,9 mil e líquida de R$ 6,5 mil. O subsídio foi de R$ 42,9 mil, com acréscimo de décimo terceiro salário e escala de serviço extra. Nos descontos estão gratificações por comando, por assiduidade, serviço extra e tempo de serviço, etc.
O coronel Jaílson Miranda contou com subsídio total de R$ 49,1 mil, já o recebimento líquido foi de R$ 29,1 mil. Já o tenente coronel da PM Marcelo Gonçalves de Assis recebeu R$ 42,3 mil em vantagens, no entanto, com descontos de R$ 10,2 mil, a remuneração líquida foi de R$ 32,1 mil. O também tenente coronel Adriano Guetti Franco teve remuneração bruta de R$ 42,1 mil, que ficou em R$ 26,3 mil em razão dos descontos.
Na última sexta-feira, a Contas Abertas mostrou que os altos comandantes da Polícia Militar do Estado estão em melhor situação, até mesmo do que o governador. O comandante geral da PM-ES, coronel Nylton Rodrigues Filho, que foi nomeado há poucos dias, recebeu remuneração bruta de R$ 26,8 mil em janeiro de 2017, quando ainda não ocupava o cargo de comandante. Já o recebimento bruto do governador do Estado, Paulo César Hartung Gomes, no primeiro mês deste exercício foi de R$ 19,4 mil.
Mesmo com os descontos (imposto de renda, abate teto, férias, etc.), as remunerações líquidas ainda impressionam. O comandante geral, por exemplo, teve descontos que chegaram a R$ 10,5 mil em janeiro. Dessa forma, a remuneração final do servidor ficou em R$ 16,3 mil. O governador teve descontos de R$ 4,9 mil (imposto de renda e INSS). Dessa forma, restou-lhe R$ 14,5 mil.
As mulheres dos PMs iniciaram os protestos em 4 de fevereiro, para pressionar o governo a conceder reajustes aos policiais e lhes dar melhores condições de trabalho. A partir de então, os PMs deixaram de patrulhar as ruas. As mulheres sempre alegam que são elas que estão no comando da paralisação. Mas, para as autoridades, essa é uma tentativa de encobrir o que, na verdade, seria um motim dos PMs.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESP) contestou as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.
Ainda de acordo com a SESP, a remuneração inicial dos militares da categoria de soldado a subtenente é de R$ 2.646,12, podendo chegar a R$7.108,48. No caso da categoria de aspirante a coronel, o salário inicial é de R$5.545,78, chegando a até R$18.197,24.
A onda de violência no Espírito Santo deixou 146 mortos até as 10h desta segunda-feira (13), segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol). Desde o início da crise, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp-ES) não divulga números de homicídios.
Os PMs começaram a retornar às ruas no sábado (11), após um acordo entre representantes da categoria e governo e um chamado do comando geral da PM. No domingo (12), mais de 1.200 policiais voltaram para as ruas. Eles se somam aos cerca de 3 mil integrantes das Forças Armadas e da Força Nacional que atuam no estado em razão da crise. Em um dia normal, o Espírito Santo tem 2 mil policiais nas ruas.
Publicada em : 14/02/2017