Brasil voltará a crescer somente no segundo semestre de 2017, estima CNI

Nas estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia brasileira começará a se recuperar lentamente em 2017. A entidade prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 0,5%, a indústria terá expansão de 1,3% e os investimentos devem aumentar 2,3%. O cenário por trás dos números, no entanto, é de elevado desemprego e baixo consumo.

A recuperação gradual da atividade prevista para o segundo semestre será impulsionada pela queda da inflação e pela redução dos juros. "A questão fiscal permanecerá crítica e fonte de desestabilização e incertezas no longo prazo", avalia o estudo da CNI. As previsões indicam que a dívida pública subirá de 72,1% do PIB em 2016 para 76,2% do PIB em 2017. O déficit público nominal aumentará de 9,35% do PIB em 2016 para 9,5% do PIB em 2017.

A CNI divulgou edição especial do Informe Conjuntural - Economia Brasileira nesta terça-feira (13). Além do desequilíbrio das contas públicas, a CNI ressaltou que a alta ociosidade do parque industrial e as dificuldades financeiras das famílias e das empresas vão adiar a retomada do crescimento para o segundo semestre.

"A expectativa da indústria é que o governo acelere as reformas estruturais e restabeleça o equilíbrio da economia, abrindo o caminho para o país crescer de forma sustentada", diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Desafios

Para a CNI, a solução da grave crise fiscal e a adoção de medidas que melhorem o ambiente de negócios e a ajudem a resgatar a competitividade das empresas são os principais desafios do Brasil para o próximo ano. A entidade defende a combinação de ajuste fiscal com agenda microeconômica.

“Sem avanços simultâneos nas agendas de ajuste fiscal e de eficiência microeconômica não se constrói o ambiente econômico de estímulo à produção, à elevação da produtividade e ao investimento privado”, afirma o Informe.

A entidade considera que a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece limites para a expansão dos gastos públicos da União é um avanço na busca pelo equilíbrio fiscal. A Confederação destaca, porém, que a medida deve ser estendida aos estados e municípios e complementada com a reforma da Previdência.

"As regras atuais do regime previdenciário brasileiro - tanto no setor privado, como no caso dos servidores públicos - são incompatíveis com a dinâmica demográfica. Sem alterações profundas nas regras de elegibilidade aos benefícios, o sistema não é sustentável", afirma o Informe Conjuntural.

Governo Temer

O presidente da CNI considerou “absurda” e “sem cabimento” a possibilidade de renúncia do presidente Michel Temer. “Não tem o menor cabimento falar em renúncia. Isso é coisa de oposição desestruturada que não pensa no Brasil e apenas em si própria”, disse.

Braga defendeu a continuação dos trabalho da operação Lava Jato. Para ele, mesmo com o escândalo após o vazamento da delação de um dos executivos da Odebrecht, Temer terminará seu mandato. “Você, hoje, não sabe mais o que é verdade e o que não é verdade. A gente vê as delações e não sabe se são verdadeiras ou não”, disse.

 


Publicada em : 13/12/2016

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